domingo, 26 de fevereiro de 2012

MATEMÁTICO DE HARVARD CRITICA O MODELO DE MICROCRÉDITO COMO MECANISMO DE REDUÇÃO DA POBREZA

ENTREVISTA - 03/02/2012 19h49 - Atualizado em 10/02/2012 11h55
David Roodman: “O microcrédito cria pobres endividados”

O matemático diz que poupança e seguro de vida ajudam mais a reduzir a pobreza do que empréstimos fáceis, que as pessoas não conseguem pagar

DANIELLA CORNACHIONE
SEM DÍVIDAS O matemático David Roodman em seu escritório. Ele acha que dar subsídios ao crédito para os pobres é um jeito ruim de combater a pobreza (Foto: divulgação)O matemático David Roodman em seu escritório. Ele acha que dar subsídios ao crédito para os pobres é um jeito ruim de combater a pobrezaCombater a pobreza nunca foi fácil, e a crise global tornou o desafio ainda mais complicado. O avanço do desemprego, do custo dos alimentos e das barreiras comerciais em diversos países voltou a elevar, recentemente, o número de pobres e miseráveis no mundo – há mais de 900 milhões de pessoas nessas condições. Por isso, é importante concentrar esforços no que realmente funciona, diz o americano David Roodman, matemático formado na Universidade Harvard, há 11 anos dedicado ao tema do combate à pobreza. O que não funciona, na visão dele, é inventar mecanismos de mercado – como o microcrédito – para emprestar dinheiro aos pobres e miseráveis. “O microcrédito não faz jus às promessas de tirar as pessoas da pobreza e dar mais poder às mulheres”, diz Roodman. “As pesquisas encontraram mulheres inadimplentes que perderam panelas, frigideiras, telhados por causa das dívidas.” O matemático, que morou dois anos no Vietnã, descobriu que as famílias mais pobres se beneficiam de verdade com outros serviços de microfinanças criados sob medida para elas, como poupança e seguros. Ele chegou a essas conclusões depois de três anos de pesquisa, análise de dados e muito debate em um respeitado blog (Microfinance open book, o “livro aberto das microfinanças”). As críticas e propostas que emergiram de lá estão no livro Due diligence: an impertinent inquiry into microfinance (em tradução livre, Auditoria: um questionamento impertinente sobre microfinanças, publicado nos Estados Unidos em janeiro, ainda sem previsão de lançamento no Brasil). “O espírito do livro foi tornar transparente o processo de escrita. Dividi tudo com os leitores: rascunhos, dúvidas, descobertas”, afirma. Com o blog e o trabalho na ONG Centro de Desenvolvimento Global, Roodman conquistara o respeito de economistas especialistas no combate à pobreza, como o bengalês Muhammad Yunus, defensor do microcrédito e ganhador do Nobel da Paz de 2006. Yunus apontou Roodman, que agora se tornou seu crítico, como “o mais consistente e articulado analista do microcrédito” surgido nos últimos anos.
ÉPOCA – O que há de errado no combate à pobreza hoje?
David Roodman –
Tenho uma boa e uma má notícia. A má é que a forma mais popular de microfinança, o microcrédito, não faz jus à promessa de tirar as pessoas da pobreza nem dar mais poder às mulheres. É claro que o microcrédito às vezes consegue as duas coisas: se 1 milhão de pessoas têm acesso a microempréstimos, vamos encontrar uma variedade de resultados. Mas, na minha análise cuidadosa das melhores pesquisas, encontrei poucas evidências de que o microcrédito consiga esses efeitos na média. Recentemente, pesquisadores têm acompanhado grupos que receberam e que não receberam empréstimos. Eles descobriram que, depois de 15 a 18 meses, não havia diferenças entre os dois grupos quanto aos indicadores de pobreza, como gastos da família ou número de crianças frequentando a escola. Antropólogos têm encontrado histórias de mulheres no sul da Ásia que se sentiram mais valorizadas pela oportunidade de fazer transações financeiras em reuniões semanais de coleta dos pagamentos. Mas também encontraram histórias de mulheres inadimplentes que perderam telhados, panelas e frigideiras, roubados pelos conhecidos para pagar os empréstimos (na forma mais comum de microcrédito, as famílias pobres atuam como fiadoras umas das outras). Quando um empréstimo cria novas possibilidades para uma pessoa e quando é uma armadilha que a deixa ainda mais pobre? Se entrar em enrascadas por causa do microcrédito é algo corriqueiro, então deve ser uma preocupação de todos. Infelizmente, não temos informações sobre quão comum isso é. Por isso, apoio a busca por formas de oferecer melhores serviços bancários para os pobres, mas devemos ser cuidadosos ao empurrar empréstimos.
ÉPOCA – E qual é a boa notícia?
Roodman –
A boa notícia é que o movimento das microfinanças mostrou a possibilidade de oferecer serviços financeiros – poupança, seguros, transferências de dinheiro – para milhões de pessoas que precisam. Serviços financeiros são como água limpa e eletricidade: essenciais para uma vida confortável. Imagine sua vida sem conta bancária, sem seguro, sem nenhum crédito em lugares como as Casas Bahia. Os pobres precisam de serviços financeiros mais do que os ricos, porque ser pobre significa ter renda pequena e volátil. Você precisa de meios para guardar o dinheiro nos momentos bons e usá-lo em tempos ruins.
ÉPOCA – Como tem sido a reação a suas críticas?
Roodman –
Até agora, tenho apresentado o livro principalmente para quem se interessa pelo assunto. Entre essas pessoas, a maior parte dessas ideias não é surpresa. Nos últimos anos, tem havido muita discussão, dentro do movimento de microfinanças, sobre o que realmente sabemos do impacto que elas causam. Para aqueles menos acostumados com o tema, a reação principal é o desapontamento.
ÉPOCA – E o que você propõe para tornar o combate à pobreza mais eficiente?
Roodman –
Não acho que os filantropos e as agências internacionais devam dar muitos subsídios ao microcrédito – as evidências não mostram que ele realmente mude a vida das pessoas. O crescimento rápido do microcrédito provocou quebras na Nicarágua, na Bósnia, no Marrocos e em regiões do Paquistão e da Índia. Os “investidores sociais” privados estão tentando ajudar, mas eles facilitaram demais os empréstimos. Alguns estão com dívidas até o pescoço. O movimento de microfinanças deveria tirar a ênfase do crédito e concentrá-la na poupança, nos seguros e nas transferências bancárias. É fácil ver como as pessoas podem ter problemas ao pegar muito dinheiro emprestado. Isso não acontece ao poupar demais, contanto que a poupança esteja segura. Instituições maduras de microfinanças como o BancoSol, na Bolívia, ou o Grameen Bank, em Bangladesh, agora fazem mais contas de poupança do que dão crédito. Na Bolívia, um dos primeiros lugares em que as microfinanças decolaram, as instituições agora têm mais de 2 milhões de contas poupanças – num país com 10 milhões de pessoas. Seguro de vida também é outro tipo de serviço simples, que pode ser muito valioso. Foi o primeiro tipo de seguro formal a ser vendido em larga escala na Inglaterra, quando o país se industrializou.
Investidores sociais tentam ajudar, mas facilitam demais o crédito. Algumas pessoas têm dívidas até o pescoço, com três, cinco, sete empréstimos "
ÉPOCA – A tecnologia pode também desempenhar um papel?
Roodman –
Tecnologias como transferências bancárias por celular e leitores de cartões geram inúmeras novas possibilidades para cortar custos e diversificar a oferta de serviços às pessoas pobres. No Quênia, o sistema M-Pesa, de transferência de dinheiro pelo celular, tem 14 milhões de usuários e faz mais transações que a Western Union (multinacional americana de 150 anos, especialista em transferências).
ÉPOCA – E no Brasil, há algo a destacar?
Roodman –
O Brasil é um modelo também por causa de seus correspondentes bancários. Eles levam acesso a serviços de bancos às pessoas em lugares afastados. Lojistas permitem que você deposite e retire o dinheiro por meio de equipamentos colocados dentro do estabelecimento. Esses são todos exemplos de fornecimento de serviços financeiros aos pobres em escala muito grande – e eles não criam para os clientes os mesmos riscos que os empréstimos.
ÉPOCA – Você acha que o economista Muhammad Yunus, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, está errado?
Roodman –
Bem, Muhammad Yunus disse muitas coisas. Discordo de algumas. Ele estava errado ao intuir que exemplos bem-sucedidos de microcrédito contam a história toda. Também discordo que o microcrédito que busca lucro seja automaticamente considerado agiotagem, como diz Yunus. Para mim, ele é como Henry Ford. Yunus não inventou o microcrédito, mas foi o primeiro a massificá-lo.
ÉPOCA – Por que o microcrédito se difundiu mais em outros países, como a Índia, do que no Brasil?
Roodman –
Alguns fatores explicam isso. O primeiro é o sucesso de emprestadores como as Casas Bahia, que são uma alternativa ao crédito direto no banco. Os brasileiros parecem mais confortáveis em (fazer a compra e) dizer “eu pago depois” do que em pegar empréstimo para pagar a compra à vista. Dizer “eu pago depois” parece um peso menor do que pegar dinheiro emprestado. Acredito que os bancos públicos do Brasil também têm resistido em permitir a competição entre instituições de microfinanças do setor privado.
ÉPOCA – A Índia é um caso de sucesso no uso de microfinanças?
Roodman –
Infelizmente, não. Um exemplo: o Estado onde as microfinanças ficaram mais famosas foi Andhra Pradesh. Quinze meses atrás, o governo estadual decidiu desativá-las por causa de notícias de suicídios de mulheres inadimplentes. O problema do suicídio foi exagerado, e o governo reagiu com excesso, destruindo o microcrédito no Estado. Mas também me pareceu, quando visitei algumas aldeias por lá, em 2010, que ficara fácil demais pegar empréstimos. Algumas pessoas tomavam três, cinco, até sete empréstimos, que só eram pagos com muita dificuldade.
ÉPOCA – Os programas de combate à pobreza no Brasil também são motivo de debate. Os críticos dizem que os beneficiados ficam acomodados e preguiçosos.
Roodman –
Não sei muito sobre esses programas, mas eles são famosos. No geral, acho uma boa ideia dar dinheiro diretamente aos pobres, especialmente numa sociedade desigual como o Brasil. Talvez nos EUA precisássemos mais do que isso. Suponho que os críticos desses programas sejam bem mais ricos do que quem recebe o benefício. Será que não são  preguiçosos?

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Desigual, Brasil assiste a crescimento de mercado de luxo

Paulo Cabral

Da BBC em São Paulo
Atualizado em  2 de fevereiro, 2012 - 09:04 (Brasília) 11:04 GMT

Player Formatos alternativos

Uma década atrás, parte da elite brasileira estava tensa e insegura em relação ao futuro com a chegada do ex-operário Luiz Inácio Lula da Silva ao poder. Mas no fim das contas, os ricos ficaram mais ricos.
Foto: Cortesia da TV Bandeirantes
"Quando (o ex-presidente) Lula chegou ao poder, toda a classe alta brasileira ficou muito preocupada. Nós achávamos que ia ser terrível", diz a arquiteta Brunete Fraccaroli, uma das cinco milionárias do reality show Mulheres Ricas, da TV Bandeirantes, que mostra todas as semanas como é a vida dos super ricos, num dos países mais desiguais do mundo.
"Mas o presidente Lula fez um ótimo governo. Os ricos continuaram ricos e os pobres também têm um pouco mais de dinheiro", completa a milionária, que já nasceu rica e adicionou alguns milhões à fortuna da família com seu trabalho como arquiteta e designer de interiores.
Junto com o bom momento econômico também se desenvolve no Brasil o setor de produtos e serviços para atender às necessidades e aos desejos da alta classe.
Uma das faces mais visíveis desse setor está nos céus de São Paulo: a cidade já tem mais de 400 helicópteros privados registrados para atender aos endinheirados que queiram fugir do risco de assaltos e da certeza de congestionamentos.
Reality show da TV brasileira mostra vida de mulheres milionárias em São Paulo
"Nosso negócio vem crescendo a uma média de 10% a 15% ao ano", diz o dono da empresa de táxi aéreo Helimarte, Jorge Bitar.
O empresário explica que novos clientes estão chegando ao setor enquanto os antigos estão voando cada vez mais.
"Estamos até perdendo clientes que começam a voar muito decidem comprar o próprio helicóptero. E pior que alguns ainda acabam levando nossos pilotos, que são profissionais em falta no mercado."

Vista aérea

Uma hora de vôo em São Paulo num helicóptero para três pessoas (além o piloto) custa cerca de R$ 1600, cerca de duas vezes e meia o salário mínimo no Brasil.
É um dos indícios – assim como vista aérea as enormes favelas vizinhas de condomínios de luxo no bairro paulistano do Morumbi - da desigualdade social que ainda é uma das marcas do país, mesmo com a recente melhora nas condições de vida das populações mais pobres.
Nos últimos dez anos, a renda dos 10% mais ricos do Brasil cresceu 20% e 60% num período de 20 anos. Os 10% mais pobres avançaram mais 100% na última década e 160% em vinte anos.
O economista da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) Naércio Menezes diz que os números deixam claro que houve uma redução de desigualdade de renda no país que conseguiu ser ao mesmo tempo recorde e insuficiente.
"O problema é que o Brasil saiu de uma situação tão ruim, de desigualdade tão grande, que mesmo as mudanças significativas dos últimos anos mal tocam a superfície do problema", explica Menezes.
Vista aérea de São Paulo. Foto: BBC
Apesar do crescimento econômico, Brasil ainda é um dos países mais desiguais do mundo
"O Brasil ainda é um dos países mais desiguais do mundo e a mobilidade social é quase inexistente. Para quem nasce pobre é praticamente impossível ficar rico."

Crescimento insuficiente

Um estudo recente da ONG britânica Oxfam revelou que o Brasil segundo país mais socialmente desigual do G20 (grupo das 20 maiores economia do mundo), à frente apenas da África do Sul.
"Devemos elogiar a evolução significativa do Brasil no combate à desigualdade nos últimos dez anos, mas é também importante deixar claro que o país ainda está muito longe da situação ideal", diz o diretor do escritório da Oxfam no Brasil, Simon Ticehurst.
O especialista observa que apenas crescimento econômico não é suficiente para reduzir a pobreza e a desigualdade.
"São essenciais medidas específicas de distribuição da renda. Na África do Sul, por exemplo, a economia está crescendo mas a pobreza está aumentando."
Naércio Menzes diz que a melhora no padrão de vida dos mais pobres também tem um impacto direto e positivo sobre a vida dos ricos.
"Quando os níveis de educação e renda dos pobres melhoram, o benefício se reverte para toda a sociedade através, por exemplo, de aumento na produtividade, queda na criminalidade e desenvolvimento de consciência política e ecológica."

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Transferência de renda tem que ser acompanhada por geração de empregos, diz analista

Paula Adamo Idoeta

Atualizado em  16 de fevereiro, 2012 - 06:31 (Brasília) 08:31 GMT
Foto de arquivo de favela brasileira (BBC)
Para especialista britânica, pobreza vai além de questões de renda
Programas de transferência de renda tiveram um papel crucial na redução da pobreza no Brasil, mas seu efeito é limitado quando não são acompanhados de geração de empregos e de ações em outras frentes, opina Claire Melamed, chefe do projeto de crescimento e igualdade do centro acadêmico britânico Overseas Development Institute (ODI), focado em desenvolvimento e questões humanitárias.
Segundo dados do Censo 2010 do IBGE, 8,5% da população brasileira ainda vive em situação de pobreza extrema, com renda domiciliar per capita de até R$ 70.
Para Melamed, é preciso incentivar a iniciativa privada e o crédito às pequenas empresas - algo que ela considera mais eficiente do que o microcrédito aos indivíduos mais pobres.
Veja a seguir trechos de sua entrevista à BBC Brasil.
BBC Brasil - Apesar de um crescimento econômico significativo com distribuição de renda, o Brasil continua tendo bolsões de pobreza extrema. Por que é tão difícil erradicá-los?
Claire Melamed – A questão da pobreza extrema é que os pobres não são pobres por falta de dinheiro. A falta de dinheiro na verdade é um sintoma de uma série de outras privações econômicas e sociais. Essas barreiras fazem com que seja muito difícil para alguns grupos participar e se beneficiar do crescimento econômico.
BBC Brasil - É um problema que vai além da renda?
Claire Melamed – Certamente. Brasil tem motivos para ter orgulho de sua redução da pobreza e de seus programas de transferência de renda. Mas eles por si só não resolvem a pobreza. A renda é apenas uma parte. Um grande aspecto é a propriedade de terra, a distribuição de terra – algo que permanece desigual no Brasil.
Educação também é chave, e sua (melhoria) deve ir além do nível primário, já que o tipo de emprego sendo gerado hoje no mundo exige alto nível de conhecimento. Além disso, não tem sentido prover educação se não houver empregos no final da cadeia. E há limites para o que o governo pode fazer nessa área – talvez incentivar a iniciativa privada, fornecer crédito, melhorar o ambiente (de negócios).
"O foco(do Brasil) tem sido a transferência de renda, algo extremamente bem-sucedido, mas talvez estejamos vendo os limites dessa estratégia. Algumas pessoas podem ter tido aumento de renda, mas (não estão tendo acesso) a trabalho e serviços"
Claire Melamed, do 'think tank' britânico ODI
BBC Brasil - Apesar de a pobreza ir além da renda, ainda contabilizamos os mais pobres por critérios de renda. Como melhorar essa contagem?
Claire Melamed – É uma briga entre querer prover dados simples e diretos que possam ser usados por autores de políticas públicas e que reflitam a realidade - ainda que de forma imperfeita -, e o desejo de tentar entender o que realmente está acontecendo na vida das pessoas (estudadas), o que é muito mais complexo.
Minha opinião é que os dados de renda têm um papel relativamente correto na descrição da pobreza, ao dar uma noção de quem é pobre ou não. Mas esses dados não explicam a pobreza ou como escapar dela.
BBC Brasil -O programa Brasil sem Miséria, do governo federal, é baseado em três pilares: transferência de renda, ampliação da oferta de serviços públicos e integração dos pobres ao mercado de trabalho. Acha que é a abordagem correta? Como fazê-la funcionar na prática?
Claire Melamed – É uma abordagem sensata, e apenas acrescentaria a ela o incentivo à participação política dos cidadãos. O difícil é como alocar recursos. Poucos governos têm o dinheiro suficiente para atacar esses três pilares.
O foco tem sido a transferência de renda, algo extremamente bem-sucedido, mas talvez estejamos assistindo aos limites dessa estratégia. Algumas pessoas podem ter tido aumento de renda, mas (não estão tendo acesso) a trabalho e serviços.
"Existe uma espécie de suposição de que as pessoas pobres são empreendedoras natas e que tudo o que precisam é de crédito para criar negócios bem-sucedidos. Não sei você, mas eu e muitas pessoas que conheço fizemos a escolha de trabalhar para alguém, em um ambiente muito mais estável e seguro, em vez de ter nossa própria empresa. Por que seria diferente com os mais pobres?"
Ao mesmo tempo, às vezes somos um pouco impacientes. Claro que devemos agir o mais rapidamente possível para tirar as pessoas da pobreza, mas alguns países europeus, por exemplo, levaram centenas de anos para obter um alto padrão de vida e sistemas eficientes de saúde e educação.
BBC Brasil - No Brasil, a geração de emprego foi considerada essencial para reduzir a pobreza. Mas, com a redução do ritmo de crescimento, isso deve desacelerar. É algo preocupante?
Claire Melamed – Sim, é preocupante, e não só no Brasil. Em muitos lugares, em especial na África, vemos o fenômeno do crescimento sem trabalho – países como a Nigéria, que crescem rapidamente, mas geram poucos empregos. Isso ocorre por vários fatores, sendo um deles o fato de o crescimento ser baseado na produção de commodities, que geram muito dinheiro, mas não empregam tanta gente.
No fim das contas, sem empregos, qualquer estratégia contra a pobreza extrema – como transferência de renda, serviços públicos etc – será uma batalha perdida. É um trabalho estável que dá às pessoas renda fixa e confiança no futuro.
BBC Brasil - Em um artigo, a senhora também diz que o microcrédito não basta.
Claire Melamed – Existe uma espécie de suposição de que as pessoas pobres são empreendedoras natas e que tudo o que precisam é de crédito para criar negócios bem-sucedidos. Não sei você, mas eu e muitas pessoas que conheço fizemos a escolha de trabalhar para alguém, em um ambiente muito mais estável e seguro, em vez de ter nossa própria empresa. Por que seria diferente com os mais pobres?
Ao mesmo tempo, precisamos fazer uma distinção entre o microcrédito concedido a uma pessoa e o crédito dado a pequenas empresas, que podem empregar cinco ou dez pessoas e se sair muito bem. Essas empresas são a espinha dorsal de muitos países e, juntas, empregam grandes parcelas da população.
Favela na Nigéria, em foto de arquivo (BBC)
Nigéria é um dos países com 'crescimento sem empregos', diz Claire Melamed
Sendo assim, eu não focaria tanto em emprestar dinheiro para cada pessoa pobre – mas sim em pequenas e médias empresas e como facilitar a vida de quem tem uma boa ideia e quer abrir um pequeno negócio.
BBC Brasil - Em um dos seus artigos, você diz que é importante perguntar aos mais pobres o que eles querem.
Claire Melamed – Infelizmente, poucos governos e doadores têm feito essa pergunta. Por exemplo, algo desejado por pessoas pobres de diversos países é (a criação de) empregos estáveis. Mas países doadores prestam pouca atenção à questão do desemprego. Outro anseio é por uma melhor comunicação com o mundo: melhores estradas, melhor sistema de telefonia, menos isolamento.
Além disso, muitas vezes nossa tendência é associar (o combate à) pobreza à agricultura, porque os mais pobres costumam se concentrar em áreas rurais.
De certa forma, temos que nos concentrar em onde as pessoas estão. Mas também temos que pensar no futuro e nas mudanças em curso no mundo. Talvez uma pessoa pobre na área rural acredite que a solução para sua pobreza esteja em se mudar para a cidade e conseguir um emprego na indústria ou no setor de serviços.
BBC Brasil - Como lidar com isso? Investindo mais nas cidades?
Claire Melamed – Não existe uma solução única - depende de cada país, de o quanto ele tiver para investir. Mas uma questão-chave é gerar empregos.
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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Sem empregos e educação, milhões ficam à margem de crescimento brasileiro

Júlia Dias Carneiro e Paula Adamo Idoeta

Da BBC Brasil no Piauí e em São Paulo
Atualizado em  15 de fevereiro, 2012 - 06:51 (Brasília) 08:51 GMT
Assunção do Piauí. Foto: Júlia Carneiro - BBC Brasil
Assunção do Piauí tem o 10º pior rendimento per capita domiciliar do Brasil. (Foto: Júlia Carneiro - BBC Brasil)
Ao chegar de carro por uma estrada de terra arenosa, uma placa dá as boas-vindas a Assunção do Piauí, "a capital do feijão". Mas as letras desbotadas, quase apagadas, deixam claro que a principal atividade econômica local já viu melhores dias.
Na pequena cidade, a 270 km de Teresina, as colheitas fracas estão fazendo muitos desistirem de plantar feijão.
"Aqui é assim, a gente só trabalha no escuro. Num ano dá e no outro não dá", diz a dona de casa Francisca Pereira Moreno, mãe de cinco filhos.
Depois de conversar com alguns moradores de Assunção, perguntar onde cada um trabalha parece perder sentido. Os principais empregos da cidade são na prefeitura local, mas para adultos como Francisca, que não sabe ler nem escrever, a única opção está na roça ou nos serviços domésticos. Sem alternativas, a maioria sobrevive do Bolsa Família.
"Tem que ter o Bolsa Família. Porque a renda aqui do feijão não está dando dinheiro. Dá R$ 60, R$ 70", diz Francisca.
A cidade é um dos retratos de um Brasil que ficou praticamente à margem do crescimento econômico nacional registrado nos últimos anos e que tem colocado o país próximo de economias consideradas de primeiro mundo como a Grã-Bretanha.
Apesar do recuo constante da pobreza desde o início do Plano Real, em 1994, e da emergência da classe C, na última década, o país ainda tem focos de pobreza extrema que se caracterizam por baixo rendimento domiciliar, acesso limitado a serviços como saúde e educação e poucas perspectivas de trabalho para os moradores locais.

Oportunidades insuficientes

Definindo a pobreza extrema
Grupo cada vez menor no Brasil, os extremamente pobres ficaram mais difíceis de serem estimados:
- Segundo o Censo 2010, cerca de 16,2 milhões de pessoas vivem com até R$ 70, em média, de renda domiciliar per capita. O número serviu como base para o Brasil Sem Miséria. Mas o próprio IBGE faz recortes diferentes, falando também em 12 milhões de pessoas com renda nesse patamar (excluindo os "sem rendimento").
- Marcelo Néri, da FGV, acha o número superestimado e prefere usar os dados do Pnad, citando cerca de 10 milhões de pessoas nessa situação
- Estudo do Ipea calculava, em 2009, 8,7 milhões de pessoas vivendo com menos de R$ 67, contra 15 milhões em 2004
Divergências numéricas à parte, especialistas concordam que a pobreza extrema vai além da mera questão de renda. Diz respeito também à falta de acesso a empregos, serviços básicos, educação e perspectivas.
“Com o crescimento e a geração de empregos, uma parte da população saiu da pobreza extrema. (Mas) as oportunidades não foram suficientes para todos – sobraram os com menos condições de aproveitar, como os que não tinham vínculos com o mercado de trabalho ou acesso à Previdência e à assistência social”, explicou Rafael Osório, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).
Segundo o Censo 2010, em média 8,5% da população brasileira ainda vive com renda per capita mensal de até R$ 70. Isso equivale a cerca de 16,2 milhões de pessoas – praticamente a população do estado do Rio de Janeiro.
Com 7,5 mil habitantes, Assunção do Piauí, visitada pela BBC Brasil em janeiro, teve em 2010 o 10º pior rendimento per capita domiciliar do país – uma média de R$ 137 reais, contra R$ 1.180 de São Paulo.
A taxa de analfabetismo é de quase 40% entre pessoas com 15 anos ou mais. A cidade tem quase 1.500 famílias beneficiárias do Bolsa Família.
"Muitos ficam na fila de espera (do programa) porque Assunção já extrapolou a cota que o Ministério do Desenvolvimento estipula para cada cidade", diz a assistente social Ana Alaídes Soares Câmara, que trabalha no Centro de Referência de Assistência Social da cidade.

‘O terço mais difícil’

Maria Iraneide Moreno, e Tamires. Foto: Júlia Carneiro – BBC Brasil
Cerca de 20% da população de Assunção do Piauí depende do Bolsa Família. (Foto: Júlia Carneiro – BBC Brasil)
Desde o Plano Real, a pobreza caiu 67% no Brasil, algo inédito na série estatística, disse à BBC Brasil o pesquisador Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da FGV. “Falta o último terço, que é o mais difícil da jornada.”
Para Neri, é possível que o número de extremamente pobres seja até menor do que o estimado pelo Censo, se for levada em conta a renda obtida em transações não monetárias, como trocas e agricultura familiar.
“Pelo Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios, também do IBGE), essas pessoas seriam 5,5% da população”, disse o pesquisador da FGV.
A incerteza a respeito do tamanho dessa população revela, na verdade, uma boa notícia: como o grupo de extremamente pobres está cada vez menor, eles ficam pouco representados na amostra geral dos brasileiros, explicou Rafael Osório, do Ipea.
“As pessoas extremamente pobres são mais difíceis de se investigar. Algumas sequer são achadas, não interagem com o Estado, não têm documentos, e o acesso a elas é complicado”, disse.
Além disso, a pobreza extrema não é apenas uma questão de renda: diz respeito também à falta de acesso a serviços básicos, como saneamento, moradia e educação de qualidade, e ao isolamento em relação ao mercado de trabalho.

Faltam atividades econômicas

O perfil dos extremamente pobres
Apesar das dificuldades em perfilar a população mais carente, um estudo de agosto de 2011 do Ipea traz algumas características dessas pessoas, a partir de um universo estudado entre 2004 e 2009:
- 41,8% das famílias extremamente pobres eram casais com uma a três crianças
- Na média geral, essas famílias tinham 4,2 pessoas
- Muitas viviam em moradias precárias ou sob risco
- 29% eram produtores agrícolas e 34% eram inativos (não trabalhavam nem procuravam emprego)
- Entre famílias rurais de municípios pequenos, a incidência de pobreza extrema era mais de duas vezes superior à média nacional
- Muitos são pequenos produtores rurais, incapazes de produzir excedente que gere renda; não têm conexão regular com o mercado de trabalho e podem passam períodos desempregados
Mas, um relatório do Ipea tenta traçar um perfil desse Brasil que demora a crescer: em 2009, 41,8% das famílias extremamente pobres eram formadas por casais com uma a três crianças; 29% eram agricultores e 34% eram inativos (não trabalhavam nem procuravam emprego).
Dados do Censo 2010 indicam que muitos desses bolsões extremamente pobres se concentram em cidades de porte mediano, de entre 10 mil e 50 mil habitantes.
“São cidades onde faltam atividades econômicas”, explicou Osório. “Muitas têm poucos atrativos para empresas e dependem cada vez mais de políticas sociais, e algumas têm um vácuo generacional (sua população economicamente ativa migra em busca de empregos).”
Mas o pesquisador ressalva que não se trata de uma população fixa e estagnada: “Uma parcela tem rendimento incerto e transita entre uma camada de renda e outra. É o caso, por exemplo, de um guardador de carro – se ele ficar doente, perde a renda (e passa a figurar entre os extremamente pobres)”.

Estratégias

Como, então, combater essa pobreza extrema?
A presidente Dilma Rousseff lançou como uma das prioridades de seu governo o programa Brasil Sem Miséria, que tem a ambiciosa meta de erradicar a pobreza extrema até 2014 e que foca as pessoas com renda per capita mensal de até R$ 70.
Iniciado em junho do ano passado, o plano contém ações que complementam o Bolsa Família, com programas para fomentar o emprego, a capacitação profissional e atividades econômicas locais, bem como o aumento da oferta de serviços públicos como saúde, educação e saneamento.
Os especialistas ouvidos pela BBC Brasil elogiam o foco estabelecido pelo programa, mas o projeto tem óbvias dificuldades em levar serviços, renda e oportunidades para as pessoas mais excluídas.
Assunção do Piauí. Foto: Júlia Carneiro - BBC Brasil
Assunção do Piauí: A cidade vive da cultura do feijão. (foto: Júlia Carneiro - BBC Brasil)
“É preciso localizar (as populações empobrecidas), levar serviços públicos, com agentes sociais. É algo mais caro, mais artesanal”, afirmou Neri, da FGV.
Para Osório, uma alternativa seria aumentar os valores pagos pelo Bolsa Família. “A maior parte dos extremamente pobres já faz parte do programa. Se aumentarem os valores, daremos um baque na pobreza.”
Mas os pesquisadores concordam que o grande estímulo para a saída da pobreza é a geração de empregos – e o desafio do Brasil é conseguir gerar vagas em áreas mais pobres justamente num momento de desaceleração econômica.
"Gerar empregos depende, em última instância, da economia", disse Osório. "E o cenário é adverso, apesar de ser o melhor caminho. Isso pode não ocorrer com a mesma intensidade do que nos anos  de crescimento."
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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Oportunidade de Trabalho em Cabo Verde

Perito Sênior em microfinanças
ADA - Appui au Développement Autonome
Tipo de contrato : CDD , 2 anos
Localização: Praia, Cabo Verde
Website da associação : http://www.microfinance.lu/
Descrição do posto
No âmbito da implementação de um programa de apoio setorial ao desenvolvimento da finança inclusiva em Cabo Verde, ADA recruta um consultor sênior em microfinanças. A missão está prevista para um período de 24 meses e o consultor ficará baseado em Praia.
O programa ira a nível:
· Macro, promover um ambiente propício ao desenvolvimento da microfinança através do apoio às autoridades responsáveis do setor (o Banco Central de Cabo Verde e Ministério de tutela);
· Méso, fortalecer os mecanismos de coordenação setorial, e em particular acelerar o reconhecimento da FAMF (Federação das Associações de Microfinança) em seu papel de liderança em termos de representação dos seus membros, e facilitar o acesso aos recursos financeiros adicionais;
· a nível Micro, dar um apoio direto às IFM em função das suas necessidades específicas.
O programa será complementado por ações com a diáspora cabo-verdiano no Luxemburgo, em ligação ao sector bancário luxemburguês e cabo-verdiano.
Responsabilidades
· Coordenar e executar as atividades identificadas no documento de projeto, garantindo a transferência de know-how permanente
· Garantir o envolvimento dos parceiros locais e animar os vários processos de concertação. O diálogo entre os atores dos três níveis e dentro de cada nível é um dos principais pilares do projeto
· Garantir a obtenção de Indicadores Objetivamente Verificáveis ​​(IOV)
· Elaborar e apresentar os relatórios anuais de progresso ao comité de pilotagem do projeto
Competências/qualificações/experiência
· Bac + 5
· Conhecimento do setor da microfinança em África e de projetos de desenvolvimento
· Pelo menos 10 (dez) anos de experiência no setor da microfinança, dos quais 3 (três) anos de experiência em gestão de projeto / chefe de equipe
· Capacidade de intervenção pertinentes a nível micro, méso e macro, no setor financeiro
· Perfeitamente bilingue Francês / Português (escrita, leitura, conversação)
· Excelente capacidade de organização e de escrita
· Experiência anterior em país lusófono é uma vantagem
· Conhecimento detalhado da oferta de formação em microfinança (CGAP, Micro Save, OIT, etc.)
Quem estiver interessado e preencher os critérios acima, é convidado a enviar a sua candidatura até ao 15 de Fevereiro de 2012, para o endereço myriam.ada@microfinance.lu, incluindo: um curriculum vitae, uma carta de apresentação (ambos os documentos em língua francesa e portuguesa ), referências e informações de contato e um relatório de projeto anteriormente escrito nas duas línguas. As candidaturas deverão conter a seguinte menção:
CANDIDATURA PARA O POSTO DE PERITO SENIOR NO AMBITO DE UM PROJETO DE APOIO AO SETOR DA MICROFINANÇA EM CABO VERDE.
Contatos :
Myriam Florentin Stefanie Afonso
myriam.ada@microfinance.lu stefanie.ada@microfinance.lu
ADA ADA
Luxembourg Luxembourg
Termos de Referência para o posto de Perito Sênior em Microfinanças
Tarefas principais e responsabilidades
a. Preparação da missão e passos iniciais (sede FAMF na Praia):
· Adaptar a programação do projeto se necessário e revisar as condições e os estudos de viabilidade;
· Organizar um seminário de abertura do projeto com todos os interlocutores;
· Preparar um relatório inicial dentro de três meses após a chegada a Praia.
b. Coordenação e relacionamento com os parceiros:
· Animar os diferentes processos de concertação previstos no projeto. O diálogo entre os intervenientes de todos os níveis é um dos principais pilares do projeto;
· Impulsionar o envolvimento dos parceiros locais;
· Garantir a ligação entre o projeto e a sede no Luxemburgo (ADA). O perito estará permanentemente disponível para a sede em fins de transmitir as informações importantes quanto ao progresso e monitoramento do projeto;
· Preparar as reuniões do Comité de Pilotagem e apresentar-lhe o desenvolvimento do programa orçamental anual.
c. Responsabilidade técnica: planeamento e implementação do projeto:
· Coordenar as atividades do projeto (em concertação com o encarregado do projeto no Luxemburgo), e em particular planear e contratar as consultorias, organizar reuniões e seminários, formações, visitas de estudo e missões de apoio técnico;
· Preparar ao início de cada ano um plano operacional detalhado quanto à programação financeira do projeto
· Planear o tempo de duração de cada atividade do projeto, em respeito à programação e ao orçamento aprovado;
· Aconselhar quanto à estratégia e metodologia de implementação das atividades;
· Desenvolver processos e métodos de recolha de informação quanto aos Indicadores Objetivamente Verificáveis ​​(IOV);
· Assegurar a elaboração e finalização dos relatórios de atividade, relatórios anuais e de balanço;
· Enquadrar todas as atividades implementadas no projeto.
d. Responsabilidades administrativas: gestão de pessoal, finanças, contabilidade e auditoria:
· Dar contas a ADA quanto às atividades e monitoramento das despesas realizadas. O perito será responsável pela gestão adequada dos fundos que lhe foram confiados;
· Gerir o equipamento do projeto (hardware, mobiliário etc.) em estabelecendo procedimentos adequados e inventários;
· Gerir os custos locais e garantir que as contas locais estejam mantidas em bom estado;
· Assegurar que as transações financeiras sejam transparentes e sigam os procedimentos adequados e garantir o cumprimento dos prazos na produção dos elementos financeiros;
· Certificar-se que as recomendações de auditoria sejam seguidas.
e. Encerramento do Projeto:
· Preparar um plano de transferência do projeto o mais tardar seis meses antes do final do projeto, incluindo as propostas de transferência da propriedade, o calendário para a conclusão do projeto e todas as modalidades úteis para a retomada do projeto por uma entidade local ;
· Realizar um seminário de encerramento do projeto com todos os intervenientes;
· Preparar o relatório final do projeto;
· Participar no debriefing da missão na sede da ADA no Luxemburgo.
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