quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Mundo das Microfinanças: Uma série de entrevistas com quem entende do assunto.

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Esta semana, Gente microfinanças, está dando início à publicação de uma série de entrevistas realizadas com agentes importantes no Mundo das Microfinanças, tanto do Brasil quanto de outras nações. O objetivo é unir, num mesmo espaço, as diferentes visões sobre um mesmo aspecto e compartilhá-las, a fim de enriquecer o diálogo entre os diferentes segmentos, instituições e públicos interessados. Neste sentido, damos início com a entrevista feita ao Senhor Tomáš Hes, Executivo da Microfinance a.s e sócio fundador do Projeto Myelen.com, com sede na República Tcheca e com operações no México, Uruguai e, em breve, no Brasil.

Gentes: _Como você avalia o grau de importância do microcrédito no contexto atual e como ele pode contribuir para o desenvolvimento do ser humano?

Tomás: _Microcrédito é simplesmente uma ferramenta do preenchimento do espaço vazio na economia, dominada pelos dogmas bancários. Tem limites em solucionar assuntos importantes, não é uma panaceia, porém cria espaços para que as pessoas tenham mais possibilidades. Mas tem algo transcendental, já que rompe dogmas milenares e permite que inventemos mais estruturas inovadoras ligadas ao microcrédito. Isso tem qualidades de um milagre, digamos.

Gentes: _Por que razão acreditar nisto?

Tomás: _Tenho visto muitos casos de desenvolvimento pessoal da clientela do microcrédito, sobretudo fortalecimento da autoestima daquelas pessoas marginalizadas. Isso é indiscutível. Quem quer e obtém uma oportunidade, faz disso progresso para si mesmo, e assim, para todos.

Gentes: _Qual seu projeto e por que o julga relevante para o desenvolvimento das microfinanças e do microcrédito?

Tomás: _ O nosso projeto permite ligar pessoas das classes médias ao setor de finanças das classes menos abastardas. Diretamente de suas casas, graças à internet. Reforça, portanto, o nosso poder de comunicação entre seres humanos em outros países, em outras classes sócias. O microcrédito vem como uma arma de aceitação e de conscientização de qual a nossa corresponsabilidade com o destino do planeta, atualmente comprometido pelas crises, causadas precisamente por processos decisórios irresponsáveis e intangíveis de distribuição de riqueza, e que ocorre no setor das finanças corporativas, trazendo danos para todos.

Gentes: _Qual a importância da tecnologia na gestão de microfinanças hoje e qual a sua contribuição para redução da pobreza num contexto global?

Tomás: _Creio que a nossa contribuição mais importante é precisamente romper os paradigmas e permitir que pessoas se desenvolvam num processo de reação em cadeia. A tecnologia tem uma grande importância para o segmento de microcrédito uma vez que multiplica a eficiência das operações. Com isto, tem-se significativa redução da taxa de juros, permitindo, portanto, conexões das operações em nível internacional.

Gentes: _Quais as facilidades que seu projeto/produto traz para o segmento de Microfinanças e como ele pode beneficiar pessoas?

Tomás: _Trazemos possibilidade de dinheiro mais barato para as instituições de microcrédito e cooperativas em países onde prevalece o alto preço de capital. Com isso, ajudamos as IMFs na ampliação da oferta de recursos e possibilitando atrair mais clientes. Também trazemos possibilidades de se encontrar novos sócios nas cooperativas locais com entrada de dinheiro, mas sem poder ou influencia sobre elas. Queremos fazer da iniciativa algo mais amplo, elevando o desenvolvimento humano a um patamar que vai além da própria existência, não somente as finanças em si; mas proporcionar efetiva interação entre os diferentes setores da sociedade como a academia e pequenos comércios, entre clientes e investidores, bem como toda a sociedade, por meio desenvolvimento de seus potenciais, utilizando da educação e dos meios disponíveis.

Gentes: _ Em que sentido a myelen julga poder contribuir para o desenvolvimento das Microfinanças no Brasil?

Tomás: _Atualmente estamos na fase inicial de entrada. Não começamos ainda a operar de fato, pois procuramos sócios criativos, trabalhadores e entusiastas para replicar o modelo do myelen que já funciona em países como o México, distribuindo capital de maneira mais equitativa. Temos muito trabalho pela frente, pois myelen se difere de muitos outros projetos de desenvolvimento que existem por ai. Não gostamos somente de falar e de ter representações nas diferentes conferências repetindo sempre as mesmas coisas. O que de fato queremos ver, são resultados quantificáveis e palpáveis.

Também procuramos ampliar a colaboração com as cooperativas, organismos que são atualmente o melhor meio de distribuição de riqueza e bem mais democrático. Contudo, nestes casos, vale ressaltar, usamos princípios sustentáveis de business para garantir a viabilidade das operações.

Em aliança com Gentes Microfinanças, vamos construir um banco de dados científicos que pode atingir importância global, já que não existe em forma estruturada em nenhum lugar e que seja voltado especificamente para as microfinanças. Esta ausência de informações, leva ao setor, uma incrível mistura de definições, repetições e duplicidades de termos. Por exemplo, ninguém sabe medir bem o impacto social, mas todos falam sobre isso. Outro exemplo pertinente: Não sabemos fazer uma definição de microfinanças amplamente aceitável e que convirja para um padrão internacional de termos e definições reconhecidos por todos. Verdadeiramente, temos um trabalho gigantesco na nossa frente.

Gentes: _ Quais os interesses e frentes de negócios a myelen quer trazer para o Brasil e porque acredita contribuir para seu desenvolvimento econômico e social?

Tomás:_ Queremos conectar o Brasil com as outras partes do mundo e com milhares de investidores sociais, a fim de baratear o custo do dinheiro, uma vez que o mesmo, neste país, é grotescamente caro devido à elevada taxa de juros que, de certa forma, também é problema para outros países de América Latina. Quem acaba pagando de fato esse custo são os pobres e não os ricos.

Gentes: _ De que forma pretende realizar estas ações?

Tomás: _Bom, no início precisamos ter sócios locais trabalhadores, honestos, tranquilos, criativos e que acreditem de fato em desenvolvimento sustentável. Esperamos que a colaboração com Gentes auxilie na formação parcerias robustas com diferentes órgãos de interesses comuns. Com estes, vamos dar início à construção de uma plataforma local, conectando cooperativas e IMFs com capital inteligente. Mas temos outras ideais novas que estão sendo desenvolvidas, pois o que de fato nos faltam, são sócios locais.

Gentes: _Por fim, que recado ou mensagem você deseja ao povo brasileiro, especialmente o que almeja melhores condições de vida?

Tomás: _O Brasil tem capital humano de grande qualidade e que está entre os maiores existentes no planeta, falando de inteligência, capacidades e ambição. Com este potencial, o povo brasileiro pode conquistar o futuro. Eu como cidadão global gostaria de acompanhar de perto o desenrolar desse grande país, sua cultura, sua economia, seus valores ao longo desse caminho fascinador, complementando com informação e conhecimento e que já dispomos em outras partes do mundo, edificando uma ponte intercontinental, intercultural e intersocial.

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